terça-feira, 23 de julho de 2013

Por Camila Portela

O formalismo acadêmico ou o conteúdo do trabalho científico?- Uma Breve Reflexão

Recentemente assisti uma qualificação de mestrado na qual foram suscitadas questões muito discutidas na Disciplina Metodologia da Pesquisa em Ciência da Informação. As considerações feitas pelos professores que compunham a banca de avaliação, em sua grande maioria, diziam respeito à forma de apresentação: muitos erros de português, vírgulas, crases, períodos longos e frases introdutórias repetidas ao longo do corpo do texto. O conteúdo, por sua vez, foi elogiado. Em um determinado momento uma das professoras teceu o seguinte comentário:
- O conteúdo se perde se a forma não for boa.
Diante disso, façamos uma breve reflexão.
O que é importante em uma pesquisa acadêmica? O formalismo acadêmico ou o conteúdo do trabalho? Os resultados da pesquisa? A forma como são analisados os dados? Em seu texto O que é Ciência, Newton Freire Maia(1996) destaca que durante anos foi professor de ginásio e posteriormente deu aulas para o segundo grau e universidades, e que sempre introduziu a dúvida em suas aulas. Segundo o autor em vez de ensinar verdades, ele ensinava dúvidas.
Durante o semestre fomos convidados a refletir sobre o que é fazer pesquisa científica. Sentia uma constante inquietação porque as aulas não eram expositivas, julgava importante distinguir porque usar um método em detrimento de outro... A tomada de decisões, a escolha da trajetória do trabalho, os rumos da pesquisa, tudo ia se ajustando conforme o semestre transcorria. Fazer parte de um grupo de pesquisa organizado com encontros regulares foi de grande valia. A troca de experiências e informações, bem como o compartilhamento dos conteúdos e a opinião dos colegas (pares) sobre o trabalho, fizeram com que finalmente me desse conta de que a atividade científica é uma construção coletiva, uma somatória de esforços.
Aventurar-se no universo acadêmico definitivamente não é tarefa fácil. Tomanik(2004) afirma que a atividade científica é tarefa complexa e dinâmica, onde se pretende uma forma de conhecimento da realidade. Chegaremos a verdade? E ela existe na ciência? Ainda, de acordo com o autor, é conveniente ao cientista ter uma grande disposição para mudanças e um grau relativamente alto de resistência à frustação.
Ante ao exposto, questiono quanto tempo se leva para ser cientista? Serão as minhas escolhas as mais adequadas para a pesquisa a qual me proponho? A linguagem utilizada está em conformidade com o discurso científico? Estaria me utilizando do discurso leigo? Estaria mesmo na academia se soubesse as respostas? As dúvidas e as inquietações permanecem.

Referências Bibliográficas:

MAIA, Newton Freire. O que é Ciência. Texto extraído de conferência pronunciada em 03/05/1996.
SANTOS, Milton. As humanidade, o Brasil, hoje: Dez pontos para um debate. In:_Humanidades, pesquisa , universidade. São Paulo: Comissão de Pesquisa/ FFLCH-USP, 1996.p.9-13.

TOMANIK, Eduardo Augusto. Um olhar no espelho: conversas sobre pesquisa em Ciências Sociais. 2 ed. Maringá: EdUem, 2004. 239 p.

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