Por Camila Portela
O formalismo acadêmico ou o conteúdo do trabalho
científico?- Uma Breve Reflexão
Recentemente assisti uma qualificação de mestrado na qual
foram suscitadas questões muito discutidas na Disciplina Metodologia da
Pesquisa em Ciência da Informação. As considerações feitas pelos professores
que compunham a banca de avaliação, em sua grande maioria, diziam respeito à
forma de apresentação: muitos erros de português, vírgulas, crases, períodos
longos e frases introdutórias repetidas ao longo do corpo do texto. O conteúdo,
por sua vez, foi elogiado. Em um determinado momento uma das professoras teceu
o seguinte comentário:
- O conteúdo se perde se a forma não for boa.
Diante disso, façamos uma breve reflexão.
O que é importante em uma pesquisa acadêmica? O formalismo
acadêmico ou o conteúdo do trabalho? Os resultados da pesquisa? A forma como
são analisados os dados? Em seu texto O que é Ciência, Newton Freire Maia(1996)
destaca que durante anos foi professor de ginásio e posteriormente deu aulas
para o segundo grau e universidades, e que sempre introduziu a dúvida em suas
aulas. Segundo o autor em vez de ensinar verdades, ele ensinava dúvidas.
Durante o semestre fomos convidados a refletir sobre o que é
fazer pesquisa científica. Sentia uma constante inquietação porque as aulas não
eram expositivas, julgava importante distinguir porque usar um método em
detrimento de outro... A tomada de decisões, a escolha da trajetória do
trabalho, os rumos da pesquisa, tudo ia se ajustando conforme o semestre
transcorria. Fazer parte de um grupo de pesquisa organizado com encontros
regulares foi de grande valia. A troca de experiências e informações, bem como
o compartilhamento dos conteúdos e a opinião dos colegas (pares) sobre o
trabalho, fizeram com que finalmente me desse conta de que a atividade
científica é uma construção coletiva, uma somatória de esforços.
Aventurar-se no universo acadêmico definitivamente não é
tarefa fácil. Tomanik(2004) afirma que a atividade científica é tarefa complexa
e dinâmica, onde se pretende uma forma de conhecimento da realidade. Chegaremos
a verdade? E ela existe na ciência? Ainda, de acordo com o autor, é conveniente
ao cientista ter uma grande disposição para mudanças e um grau relativamente
alto de resistência à frustação.
Ante ao exposto, questiono quanto tempo se leva para ser
cientista? Serão as minhas escolhas as mais adequadas para a pesquisa a qual me
proponho? A linguagem utilizada está em conformidade com o discurso científico?
Estaria me utilizando do discurso leigo? Estaria mesmo na academia se soubesse
as respostas? As dúvidas e as inquietações permanecem.
Referências Bibliográficas:
MAIA, Newton Freire. O que é Ciência. Texto extraído de
conferência pronunciada em 03/05/1996.
SANTOS, Milton. As humanidade, o Brasil, hoje: Dez pontos
para um debate. In:_Humanidades, pesquisa , universidade. São Paulo: Comissão
de Pesquisa/ FFLCH-USP, 1996.p.9-13.
TOMANIK, Eduardo Augusto. Um olhar no espelho: conversas
sobre pesquisa em Ciências Sociais. 2 ed. Maringá: EdUem, 2004. 239 p.
Nenhum comentário:
Postar um comentário