quinta-feira, 25 de julho de 2013

por Marcelo Jesus

Reflexão Crítica: Ciência, Ciência da Informação e o Projeto de Pesquisa.

A reflexão e a prática na ciência caminham juntas. Seguindo neste contexto a Ciência da Informação (CI) debate os conceitos de informação. No entanto, alguns autores priorizam mais do que seu significado. Segundo a opinião de Capurro e Hjorland, a informação é um conceito subjetivo, porém não em um sentido individual, uma vez que as pessoas se organizam em situações sociais concretas e desempenham diferentes funções na divisão do trabalho na sociedade.
As ciências fazem descobertas, caracterizam acontecimentos, interpretam in-formações entre outros. Após a leitura de alguns capítulos do livro de Tomanik (2004) surgiu um estímulo para uma nova ideia sobre a definição de Ciência, que não é a verdade absoluta, mas a busca de conhecimento e interpretações. É a ca-pacidade de construir informações.
Nesta reflexão, a CI por sua natureza interdisciplinar, aborda questões diver-sas a qual diversifica seu campo de estudo e seus pesquisadores. O projeto de pes-quisa pretende abordar quais informações sobre as políticas públicas na área da saúde tramitam nas Redes Sociais do DF. Esta abordagem acentuou reflexões de como identificá-las.
A Ciência Social que profere vários conceitos, a qual gera, organiza, repre-senta, distribui, comunica e media a informação, auxilia a interação e articulação de compartilhamento, impulsiona os fluxos de informação e de conhecimento que são decorrentes do movimento de uma rede. Le Coadic (2004, p.71) analisa comunica-ção como combinação de processos sociais de contágio e processos sociais de pro-pagação.
O estudo pretende analisar quais elementos das políticas públicas e como as pessoas compartilham informações em qualquer formato, seja com uma ou com várias pessoas, em vias de diferentes suportes de transmissão de informação na rede. Pesquisar este fenômeno é um processo de conhecimento de como os indivíduos podem se articular para tratar as informações. Na reflexão que o espaço em que as redes sociais se constituem e se proliferam são inerentes à informação e ao conhecimento, uma vez que são eles que movimentam as redes.

Bibliografia

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede, a era da informação: economia, socie-dade e cultura. Volume 1. 6. edição. Editora Paz e Terra, São Paulo, Brasil, 1999.

CAPURRO, R. & HJØRLAND, B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciên-cia da Informação, v.12, n.1, 2007. Disponível em: http://www.eci.ufmg.br/pcionline

FLEURY, Sonia. Rede de políticas: Novos desafios para a gestão pública. Adminis-tração em Diálogo, São Paulo, n 7, 2005, pp. 77-89

FLEURY, Sonia. O desafio da gestão das redes de políticas. VII Congreso Internaci-onal del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002

LE COADIC, Yves-François. A Ciência da Informação. Briquet de Lemos, Brasília, Brasil, 2004.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. (Tradução Carlos Irineu da Costa). São Paulo: Editora 34, 2009.

LÉVY, Pierre. O que é virtual? (Tradução Paulo Neves). São Paulo, Ed. 34, 1996.
MIRANDA, A. L. C. Ciência da Informação: teoria e metodologia de uma área em expansão. Brasília: Thesaurus, 2003.

Nooy Wouters, Mrvar Andrej et Batagelj Vladimir, 2005, Exploratory social network analysis with Pajek, New York, Cambridge University Press, coll. Structural analysis in the social sciences.

SARACEVIC, T. Ciência da informação: origem, evolução e relações. Perspectivas na Ciência da Informação. Belo Horizonte, v.1, n.1, p. 41-62, jan/jun., 1996

SANTOS, Maria Salett T. LIMA, Nataly de Queiroz: Tecendo redes de comunicação para o desenvolvimento local: experiências de redes sociais nos contextos popula-res. Conexão - Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v.10, n. 20, jul. 2011.

SIMEÃO, Elmira. Comunicação extensiva e Informação em Rede. Editado pelo De-partamento de Ciência da Informação, Universidade de Brasília, Brasília, Brasil, 2006.


TOMANIK, Eduardo Augusto. O Olhar no Espelho: "conversas" sobre a pesquisa em ciências sociais. 2º ed. Maringá ; Eduem, 2004.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Por Camila Portela

O formalismo acadêmico ou o conteúdo do trabalho científico?- Uma Breve Reflexão

Recentemente assisti uma qualificação de mestrado na qual foram suscitadas questões muito discutidas na Disciplina Metodologia da Pesquisa em Ciência da Informação. As considerações feitas pelos professores que compunham a banca de avaliação, em sua grande maioria, diziam respeito à forma de apresentação: muitos erros de português, vírgulas, crases, períodos longos e frases introdutórias repetidas ao longo do corpo do texto. O conteúdo, por sua vez, foi elogiado. Em um determinado momento uma das professoras teceu o seguinte comentário:
- O conteúdo se perde se a forma não for boa.
Diante disso, façamos uma breve reflexão.
O que é importante em uma pesquisa acadêmica? O formalismo acadêmico ou o conteúdo do trabalho? Os resultados da pesquisa? A forma como são analisados os dados? Em seu texto O que é Ciência, Newton Freire Maia(1996) destaca que durante anos foi professor de ginásio e posteriormente deu aulas para o segundo grau e universidades, e que sempre introduziu a dúvida em suas aulas. Segundo o autor em vez de ensinar verdades, ele ensinava dúvidas.
Durante o semestre fomos convidados a refletir sobre o que é fazer pesquisa científica. Sentia uma constante inquietação porque as aulas não eram expositivas, julgava importante distinguir porque usar um método em detrimento de outro... A tomada de decisões, a escolha da trajetória do trabalho, os rumos da pesquisa, tudo ia se ajustando conforme o semestre transcorria. Fazer parte de um grupo de pesquisa organizado com encontros regulares foi de grande valia. A troca de experiências e informações, bem como o compartilhamento dos conteúdos e a opinião dos colegas (pares) sobre o trabalho, fizeram com que finalmente me desse conta de que a atividade científica é uma construção coletiva, uma somatória de esforços.
Aventurar-se no universo acadêmico definitivamente não é tarefa fácil. Tomanik(2004) afirma que a atividade científica é tarefa complexa e dinâmica, onde se pretende uma forma de conhecimento da realidade. Chegaremos a verdade? E ela existe na ciência? Ainda, de acordo com o autor, é conveniente ao cientista ter uma grande disposição para mudanças e um grau relativamente alto de resistência à frustação.
Ante ao exposto, questiono quanto tempo se leva para ser cientista? Serão as minhas escolhas as mais adequadas para a pesquisa a qual me proponho? A linguagem utilizada está em conformidade com o discurso científico? Estaria me utilizando do discurso leigo? Estaria mesmo na academia se soubesse as respostas? As dúvidas e as inquietações permanecem.

Referências Bibliográficas:

MAIA, Newton Freire. O que é Ciência. Texto extraído de conferência pronunciada em 03/05/1996.
SANTOS, Milton. As humanidade, o Brasil, hoje: Dez pontos para um debate. In:_Humanidades, pesquisa , universidade. São Paulo: Comissão de Pesquisa/ FFLCH-USP, 1996.p.9-13.

TOMANIK, Eduardo Augusto. Um olhar no espelho: conversas sobre pesquisa em Ciências Sociais. 2 ed. Maringá: EdUem, 2004. 239 p.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Nos bastidores da metologia científica: a ideologia por trás do método.

Segundo Tomanik (2004), as ciências humanas, por muito tempo, buscaram seu status como ciência se utilizando das premissas das ciências exatas. Assim, perdurou-se por longo tempo como corrente predominante uma perspectiva empiricista das ciências humanas. Nesta perspectiva, o pesquisador buscava seu afastamento do objeto de estudo para garantir a produção de um conhecimento “neutro” e útil e as abordagens quantitativas de pesquisa se sobressaíram em detrimento das abordagens qualitativas, já que nessa perspectiva, a abordagem quantitativa denotava um rigor metodológico às pesquisas humanas. Vejamos que a metodologia utilizada pelo modelo empiricista de construção do conhecimento exige um método rigoroso para o distanciamento do objeto, assim, nestas pesquisas todos os passos da metodologia devem ser bem detalhados e sistematizados.
Já a perspectiva humanizadora das ciências humanas traz uma concepção em que o pesquisador inserido na realidade necessariamente a transforma ao estuda-la, como também, ele se transforma ao estudá-la (TOMANIK, 2004). Então, como se expõe uma metodologia usada para conhecer determinado fenômeno quando este se transforma ao ser estudado, ainda, transforma-se o próprio pesquisador em sua compreensão e sua estrutura cognitiva? Essa metodologia estaria continuamente se transformando junto com o pesquisador e seu fenômeno. Assim, não existe essa separação entre o objeto de estudo e o pesquisador. O conhecimento científico produzido, ao invés de neutro e útil, passa a ter um caráter transformador. Daí que a metodologia “baseada no diálogo, participação e conscientização” faz sentido, dentro dessa corrente humanizadora das ciências humanas exatamente porque não estabelece um caráter rígido e sistematizado de metodologia.
Contudo, a pesquisa não fica apenas sujeita ao subjetivismo do pesquisador, esta fica alicerçada pelas bases teóricas estabelecidas na revisão de literatura. Outra distinção dessa perspectiva humanizadora é que as bases teóricas não ficam isoladas em um conjunto de conceitos estanques. A linguagem utilizada pelas ciências humanas não é uma linguagem exotérica como em algumas ciências exatas, ela é a mesma utilizada em outras construções de conhecimento, inclusive no conhecimento do senso comum. E, como nessa perspectiva a realidade, o pesquisador e o fenômeno se transformam durante a pesquisa, as bases teóricas podem ter sentidos singulares dentro de contextos diferentes de uso.

Contudo, pode-se questionar, então, como estabelecer um critério para a caracterização do conhecimento científico?
Para Tomanik (2004, p.113) o “crivo da própria comunidade científica, e a avaliação dos cientistas tidos como competentes tem um peso muito grande no reconhecimento do que é científico”. Ou seja, o conhecimento científico não seria validado por sua metodologia, mas pelo caráter transformador do conhecimento produzido validado pelo corpo de cientistas competentes da área.

Pessoalmente, acredito que a perspectiva humanizadora apontada por Tomanik (2004) sobre as ciências humanas trariam imensa contribuição à Faculdade de Ciência da Informação da Universidade de Brasília. Hoje observamos inúmeros trabalhos que, aparentemente, são validados pelo método utilizado, pelo uso de uma abordagem quantitativa, mas com pouco retorno transformador à sociedade, ao pesquisador e à Ciência da Informação como um todo.

Finalizo esse post  com uma citação para reflexão de Bordieu (1987, p. 208) “as chances de contribuir na produção da verdade dependem de dois fatores principais: o interesse que se tem em saber e em fazer a verdade (...) e a capacidade que se tem de reproduzi-la”.


REFERÊNCIAS:

BORDIEU, P. A opinião pública não existe. In.: THIOLLENT, M. Crítica metodólogia, investigação social e enquete operária. São Paulo: Polis, 1987.

TOMANIK, Eduardo Augusto. O olhar no espelho: "conversas" sobre a pesquisa em Ciências Sociais. 2. ed. Maringá: Eduem, 2004.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Bibliotecas: uma história de poder, sangue, sonhos, ciência e dança!

Olá caros ansiosos leitores deste maravilhoso blog! Finalmente sai o seu primeiro post!

Bem para esse primeiro post, não teria como ser outro, que além dele mesmo.
E nada melhor, mais histórico e simbólico do que começar com a pureza e a beleza da mais singela verdade, mais apaixonante de todas as áreas de conhecimento do mundo e do universo. A história das Bibliotecas!!!

Sim! A Biblioteca, esta instituição calma e simpática, com cara de vovó, possui uma história de poder e dominações, de glórias e chamas, de conhecimento e sangue, de sabedoria e mortes.

Porém, vamos nos limitar a apenas um pedaço dessa narrativa emocionante da história das bibliotecas.
Vamos nos limitar a história da Ciência!

Harvard! Segundo Battles (2003, p.87) surgiu como uma biblioteca! Não vou me delongar sobre esse acontecimento, sugiro a leitura da obra: "A conturbada história das bibliotecas" para melhor conhecimento.
Mas, a informação que podemos refletir sobre essa parte da história é que a Universidade, assim como a Bibliotecas são imbuídas do espírito da busca do conhecimento.

E é assim que nessa história saltamos várias divagações para chegarmos no espírito da ciência!
O espírito humano da busca do conhecimento. Humano, afinal quem faz ciência são os homens. E então abruptamente refletimos sobre a metodologia, a neutralidade e busca do conhecimento pelo homem, com a ajuda do grandessíssimo Régis de Morais (1982) "[...] a ciência é uma construção humana e, por isto mesmo, traz as glórias e as misérias próprias do ser humano"

Com isto quero reduzir toda a discussão metodológica das ciências humanas para uma dimensão política ideológica e de personificação de papeis sociais?
A resposta é, sim.

A banda toca, o pesquisador dança e no final quem consegue dançar por mais tempo entra pra banda.

E o pesquisador perdido, em conflito com teorias metodológicas, correntes distintas de pensamentos, sonhando em conhecer um aspecto da realidade, buscando entender o que é a ciência...
Para estes, apenas aconselho, escolha bem o seu orientador, escolha bem a música que está disposta a dançar!!

No final das contas, não podemos culpar a  biblioteca tanto assim.

P.S.: Peço a compreensão e a paciência do leitor pela forma desagradável do primeiro post do blog. Mas a aprendizagem e o melhoramento são processos.


Referências:
BATTLES, Matthew. A conturbada história das bibliotecas. Tradução João Vergílio Cuter. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2003.

TOMANIK, Eduardo Augusto. O olhar no espelho: "conversas" sobre a pesquisa em Ciências Sociais. 2. ed. Maringá: Eduem, 2004.


P.S.²: Todo apoio às manifestações populares! Povo nas ruas por mais bibliotecas!